quarta-feira, 9 de maio de 2012

BASÍLICA DE NOSSA SENHORA DE LOURDES

RESUMO DE APOIO
CURSO LUZ E VIDA

DOUTRINA DA FÉ II

Profª. Lenize Pinho

I - A IGREJA E SUAS NOTAS DISTINTIVAS

1. A Igreja

1.1 Fundamentação Bíblica da Igreja

a) Jesus previu a longa duração de sua obra através das parábolas do:  joio e do trigo (Mt 13,24-30.36-43), grão de mostarda (Mt 13,31s) e fermento da massa (Mt 13,33);

b) Jesus lançou as linhas estruturais e definitivas da sua Igreja quando chamou os 12 (doze), mostrando a continuidade com o Antigo Israel (as 12 tribos). Chegara o tempo de constituir um Israel renovado.
(Mc 3,13-19; Mt 10,1-4; Lc 6,12-16 e Jo 6,67).

1.2 Fundamentação Bíblica de Pedro

Um dos doze se destaca: PEDRO
O nome de Pedro, no Novo Testamento, é mencionado 171 vezes. O segundo nome mais citado é João (46 vezes).
Pedro aparece como:
  • Porta-voz dos Apóstolos: Mc 8,29.32; Mt 18,21; Lc 12,41; Jo 6,68
  • Quando são citados os Apóstolos, ele é sempre citado em primeiro lugar: Mc 3,13-19; Mt 10,1-4; Lc 6,12-16; At 1,13.
  • Não raro se lê “Pedro e os seus”: Lc 9,32; Mc 16,7.

® Três textos atribuem a Pedro uma função especial:
Mt 16,16-19 – “... tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, ...”;
Lc 22,31s – “... mas eu roguei por ti, ... e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos”.
Jo 21,15s – “... apascentas as minhas ovelhas”.

1.3 Fundamentação Bíblica da Igreja e do Espírito Santo

Nos escritos de São Paulo encontramos duas imagens importantes para designar a Igreja: a do CORPO e a da ESPOSA.

a) O corpo de Cristo (Cl 1,24)

Significa:
® Comunhão de vida entre Cristo e os cristãos -  comparável a do tronco com os ramos da videira (entre os quais existe o mesmo fluxo da seiva ou da vida) - Gl 2,20 – “É Cristo que vive em mim”.

® Continuidade histórica – a história da Igreja prolonga a de Jesus (Rm 8,5-11).

® Identidade de vida (missão) – assim como Jesus foi admirado e aclamado mas também zombeteado e condenado pelos seus, assim a Igreja se apresenta como o grande baluarte dos valores cristãos e humanos, que os homens nem sempre entendem.
® Diversidade de ministérios e funções na Igreja – assim como num corpo todas as partes são importantes, nada é insignificante, na Igreja também ninguém é insignificante (1Cor 12,12-30).

b) O Corpo de Cristo que é a Igreja, é vivificado pelo Espírito Santo.

A Escritura atesta que Jesus está presente e atua na Igreja por seu Espírito conforme: Jo 14,15-26; 16,5-15. Nos Atos dos Apóstolos temos a atividade do Espírito na Igreja: At 4,8.31.32s; 6,3.5; 7,51.55,...
É o Espírito que nos leva sempre a conhecer melhor o Cristo e o Pai, age de modo especial na hierarquia da Igreja.

c) A Esposa de Cristo

No Novo Testamento Cristo aparece como o Esposo da sua Igreja – Ef 5,21-33. Só que esta união é mais íntima do que a união entre os esposos.
Cristo se une a sua Igreja mediante a sua morte, ressurreição e a vinda do Espírito Santo. E não ocorreu só no passado mas dura até o fim dos séculos.
Jesus vive para a sua Esposa. Ele a alimenta com a sua Palavra e o seu Corpo na Eucaristia.
Tal união estará consumada no fim dos tempos. O Espírito e a Esposa clamam “Vem Maranatha! (Ap 22,17) e ouvem a resposta: “Sim, venho muito em breve! (Ap 22,20).

2. As Notas Distintivas da Igreja

No ano 381 – Concílio de Constantinopla I professou: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Estas são as quatro notas distintivas que definem a Igreja de Cristo.

2.1 “Creio na Igreja una"

a) Unicidade – No Antigo Testamento havia um só Deus que se prolonga no Novo Testamento e na Igreja => Cristo tem um só Corpo e uma única Esposa. (Ef. 4,4-6).

“A Igreja de Cristo compreende todas as denominações cristãs onde haja realmente elementos eclesiais: a Bíblia, a fé, a oração, a caridade, a renúncia ao pecado, o Batismo... Todavia a Igreja de Cristo só subsiste de maneira plena e adequada na Igreja Católica Apostólica entregue a Pedro (ou Romana); somente nesta se encontram todos os elementos constitutivos da Igreja: os sete sacramentos com seu centro na Eucaristia, a hierarquia instituída por Cristo e chefiada por Pedro, a Bíblia e os sacramentais... As demais denominações (cristãs não católicas), pelo fato de possuírem alguns ou vários destes elementos, pertencem à Igreja de Cristo, mas estão em comunhão imperfeita e inacabada com a Igreja Católica Apostólica Romana; essa comunhão imperfeita ou parcial deve ser levada à plenitude ou à totalidade pelo movimento ecumênico. Ler o decreto Unitatis Redintegratio nº 3 do Concílio do Vaticano II.”
                                                           (Apostila “Iniciação Teológica” – Mater Ecclesiae)

                                                                                                                                                     

 

A Igreja ao mesmo tempo visível e espiritual


8. “Cristo, Mediador único, constituiu e sustenta indefectivelmente sobre a terra, como organismo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, de esperança e de amor , e por meio dela comunica a todos a verdade e a graça. Contudo, sociedade dotada de órgãos hierárquicos e corpo místico de Cristo, assembléia visível e comunidade espiritual, Igreja terrestre e Igreja já na posse dos bens celestes, não devem considerar-se coisas independentes, mas constituem uma realidade única e complexa, em que se fundem dois elementos, o humano e o divino. Não é, por isso, criar uma analogia Inconsistente comparar a Igreja ao mistério da encarnação. Pois, assim como a natureza assumida pelo Verbo divino lhe serve de órgão vivo de salvação, a ele indissoluvelmente unido, de modo semelhante a estrutura social da Igreja serve ao Espírito de Cristo, que a vivifica, para fazer progredir o seu corpo místico (cf. Ef 4,16).
Esta é a única Igreja de Cristo, que no símbolo professamos una, santa, católica e apostólica, e que o nosso Salvador, depois de sua ressurreição, confiou a Pedro para que ele a apascentasse (Jo 21,17), encarregando-o, assim como aos demais apóstolos, de a difundirem e de a governarem (cf. Mt 28, 18ss), levantando-a para sempre como "coluna e esteio da verdade" (1Tm 3,15). Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente vários elementos de santificação e de verdade, elementos que, na sua qualidade de dons próprios da Igreja de Cristo, conduzem para a unidade católica.
Do mesmo modo que Jesus Cristo consumou a redenção na pobreza e na perseguição, assim também, para poder comunicar aos homens os frutos da salvação, a Igreja é chamada a seguir o mesmo caminho. Cristo Jesus, "sendo de condição divina, aniquilou.se e tomou a condição de servo. (Fl 2,6) e por causa de nós "fez-se pobre, ele que era rico. (2Cor 8,9): assim a Igreja, que certamente precisa de recursos humanos para cumprir a sua missão não foi fundada para buscar glórias terrenas, mas para pregar, também com seu exemplo, a humildade e a abnegação. Cristo foi enviado pelo Pai "a anunciar a boa nova aos pobres, a proclamar a libertação aos cativos. (Lc 4,18), "a procurar e salvar o que estava perdido. (Lc 19,10): de modo semelhante a Igreja ama todos os angustiados pelo sofrimento humano, reconhece a imagem do seu Fundador, pobre e sofredor, nos pobres e nos que sofrem, esforça-se por aliviar-lhes a indigência, e neles deseja servir a Cristo. Mas enquanto Cristo "santo, inocente, imaculado” (Hb 7,26), não conheceu o pecado (2Cor 5,21), e veio expiar unicamente os pecados do povo (cf. Hb 2,17), a Igreja reúne em seu seio os pecadores, e por isso, ao mesmo tempo que é santa, precisa também de purificação, e sem descanso prossegue no seu esforço de penitência e renovação.
A Igreja “continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor, até que ele venha (cf. 1Cor 11,26). Mas encontra força no poder do Senhor ressuscitado, para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que por fim ele se manifeste em luz total.”

                                                        (Lumen Gentium – nº 8)



b) Unidade e Comunhão

A unidade significa coesão ou comunhão dos membros da Igreja entre si.

COMUNHÃO =  * tomar parte com outra(s) pessoa(s) em algo;
                             * tomar parte na vida e nos méritos de Cristo, ser rico de Cristo.

Conseqüentemente, a Comunhão significa o intercâmbio, o fluxo e o refluxo de vida dos fiéis entre si (1Jo 1,3-6s).
Os fiéis que comungam com os méritos de Cristo comungam eles entre si.
Quem é mais rico de Cristo, mais copiosamente o comunica aos seus irmãos.
Ao contrário, quem é carente de Cristo, pode deixar seus irmãos “em jejum espiritual”, cabe perguntar a si mesmo qual a sua parte de responsabilidade pelas deficiências dos irmãos.
c) As rupturas da Unidade

c.1) Cisma – é a ruptura da comunhão com o Papado ou a Igreja universal, sem que haja necessariamente alteração da fé ou heresia.

c.2) Heresia – é uma doutrina que se opõe diretamente à verdade revelada por Deus e proposta pela Igreja.
A heresia leva geralmente ao cisma e vice-versa.

d) “Fora da Igreja não há salvação”

Consideramos a salvação dos adultos conscientes que morram sem o Batismo ou morram com o Batismo recebido fora da plena comunhão da Igreja. A propósito observa- mos:
1) A via normal, instituída por Deus, para levar o homem ao seu fim supremo, é o sacramento do Batismo.
2) Desde cedo, porém, os cristãos reconhecem dois outros meios: o martírio ou o Batismo de sangue e o desejo explícito do Batismo ou o Batismo de desejo explícito.
3) No século XVI, porém, a descoberta de numerosos povos jamais atingidos pela pregação evangélica levou os teólogos a admitir também o Batismo de desejo implícito assim concebido: uma pessoa que vive inteiramente de boa fé segundo crenças não católicas, é tão dócil a Deus que, se soubesse da necessidade do Batismo, ela o pediria. O desejo de Batismo está, pois, implícito ou implicado na retidão e sinceridade de vida dessa pessoa.


2.2 “Creio na Igreja Santa”

a) Santidade da Igreja: em que consiste?

            No Novo Testamento é o Espírito que faz a inserção de cada cristão no Cristo. Todo cristão é inserido em Cristo pelo Batismo, participa da santidade e deve exprimi-la em santidade de vida moral.
            Mas a Igreja sempre compreenderá santos e pecadores, como ensina o Senhor na parábola do joio e do trigo. (Mt 13,24-30.36-43).

b) Pecados e misérias na Igreja

            A Igreja, em cujo íntimo está o Cristo vivo, é constituída por homens fracos, sujeitos a pecar. Por isto o pecado existe na Igreja, mas não é da Igreja.
            O pecado se encontra em homens nos quais existem elementos da Igreja e elementos que não são da Igreja. Com isso, eles são infiéis à sua vocação cristã.
            O sujeito de pecado não pode ser a Igreja, já que é uma instituição, mas são pessoas individuais.
            A Igreja é sem mancha (Ef 5,25-27), desde a sua constituição. Mas carrega o pecado de seus filhos, que não são os seus pecados.

c) Reformas na Igreja

            Os pecados são pessoais, mas acabam prejudicando a saúde do corpo da Igreja.
            As reformas devem ser empreendidas pelas autoridades legítimas de acordo com as seguintes normas:
1)      Guarde-se o primado da caridade e dos objetivos pastorais sobre qualquer “bela idéia”.
2)      Permanecer na comunhão com o todo. Toda autêntica reforma é inspirada pelo Espírito Santo. Ex.: S. Francisco de Assis => soube afastar-se de falhas humanas sem romper a comunhão com o todo.
3)      Saber pacientar ou aguardar os momentos oportunos. O autêntico reformador sabe levar em conta a lentidão inerente às criaturas (LG nº 09).

2.3 “Creio na Igreja Católica”

Católico vem do grego “KATHOLIKÓN” que significa total, universal, perfeito.

® No sentido externo – significa que a Igreja se abre a todos os homens em todos os tempos e lugares da terra.

® No sentido interno – significa que a Igreja é depositária da plenitude da verdade revelada e dos meios de salvação.

Sentido teológico de CATOLICIDADE:

1) Fundamentos teológicos

1.1) O desígnio de Deus
            Deus quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade TODOS os homens.

1.2) A natureza humana
            A catolicidade da Igreja adota e compreende todas as dimensões da pessoa humana, da sua cultura e da sua história, a fim de impregná-las com a mensagem e a vida de Cristo.

2) Ecumenismo e missão

2.1) Ecumenismo – a procura da unidade. Realiza-se apenas entre os cristãos (diálogo religioso).

2.2) Missão – significa a pregação do Evangelho àqueles que não o conhecem ou não o conhecem autenticamente, e tem por fim dar-lhes a conhecer a Igreja de Cristo.


2.4 “Creio na Igreja Apostólica”

            O adjetivo “apostólico”, no caso, não exprime apenas o zelo de transmitir a fé, mas significa que a Igreja conserva através dos séculos os princípios que recebeu dos Apóstolos e, em última instância, de Cristo.
            È a apostolicidade assim entendida que garante a unidade e a continuidade da Igreja.

® Sucessão Apostólica – requer comunhão de fé e de tarefas com os demais Bispos ou com toda a Igreja, principalmente se exige comunhão com o centro de referências de toda a Igreja, que é Pedro e seus sucessores.




II - O CULTO DE MARIA NA IGREJA

1. O que é culto?

Culto: é em geral um testemunho de honra que se presta em atitude de submissão, a alguém que nos é superior, em razão e sua excelência.
Interno ou externo - é mais que uma honra, é uma honra prestada com um sentimento de submissão por um inferior a alguém que lhe é superior.
Veneração: Ato cultual de reverência e devoção. A teologia católica distingue-a da adoração que é devida unicamente a Deus. “Sentimento de profundo obséquio e de religiosa devoção com profunda reverência.”

Distinção entre o culto devido a Deus e às criaturas:

A Deus, por sua grandeza infinita e como Criador e Senhor, se deve um culto supremo de adoração (latría), o mesmo se deve a Cristo, ainda se considerado em sua humanidade.

Às criaturas pode-se render um culto de veneração (dulía); assim se procede com relação aos pais, aos superiores, aos heróis. Os santos recebem esta veneração..

O culto dado à Virgem Maria supera aquele concedido aos santos (hiperdulía), em primeiro lugar em virtude da dignidade de ser ela a Mãe de Deus, como também em decorrência de todas as prerrogativas de sua pessoa, de sua função histórica, da realidade e singularidade de sua intercessão.

O Papa Pio XII ao tratar do tema do culto prestado à Virgem Maria, declara: “Desde os primeiros séculos da Igreja Católica o povo cristão elevou à Rainha do céu orações de súplica, hinos de louvor e devotamento”.

A grande expansão do culto marial se deu após o Concílio de Éfeso (séc. V), desta época em diante, multiplicaram-se os templos edificados em honra da Santíssima Virgem e as festas litúrgicas em relação com os principais eventos de sua vida. Este costume está relacionado com a antiga iconagráfica das catacumbas, dos escritos dos Padres e de alguns testemunhos, que se conservaram, de orações e invocações a Maria.
Esta evolução do culto mariano na História da Igreja levou o Papa Paulo VI a defini-lo como "um elemento intrínseco do culto cristão". Desde as afirmações de Santo Irineu sobre a "advogada de Eva" e os louvores de Santo Éfrem, às homilias de São Bernardo e de muitos Santos modernos; desde os textos litúrgicos às Ladainhas e às devoções populares, percebe-se a extraordinária presença de Maria na alma católica, através dos tempos, como uma de suas características perenes.

“À tomada de consciência do lugar e da função de Maria no plano da salvação correspondeu um desenvolvimento do culto mariano, considerado como elemento característico da espiritualidade cristã e do itinerário que leva a Cristo: 'A verdadeira devoção, a da tradição da Igreja..., tende essencialmente à união com Jesus sob a orientação de Maria... Vai-se a Jesus por meio de Maria. Maria é, portanto, o caminho para Jesus Cristo, que é caminho, verdade e vida'.”

Contudo, no período pós-conciliar, depois de uma espécie de vazio mariano, surgiu uma nova forma de valorizar o lugar de Maria na vida cristã, a qual transformou o itinerário tradicional: “a Jesus por Maria.” Já não se parte dela como intermediária para conhecer e amar seu Filho, porém, sim, de uma experiência evangélica centralizada em Cristo. Isto é, é descobrindo Cristo que se descobre o papel e a importância de Maria na vida da Igreja e de cada cristão.
“A reflexão da Igreja contemporânea sobre o mistério de Cristo e sobre sua própria natureza levou a encontrar, como raiz do primeiro e como coroamento da segunda, a mesma figura de mulher: a Virgem Maria, justamente mãe de Cristo e da Igreja. O melhor conhecimento da missão de Maria transformou-se em jubilosa veneração por ela e em respeito adorante em face do sábio desígnio de Deus.”

2. O que a Igreja venera em Maria?

2.1 A sua relação com o Mistério de Deus
A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso no plano da salvação, porque, “ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido duma mulher, nascido sob a Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: 'Abbá! Pai!'” (Gl 4,4.6).
Estas palavras celebram conjuntamente o amor do Pai, a missão do Filho, o dom do Espírito Santo, a mulher da qual nasceu o Redentor e a nossa filiação divina no mistério da "plenitude dos tempos".

2.2 A sua relação com o mistério de Cristo
Se o mistério do homem só se esclarece verdadeiramente no mistério do Verbo Encarnado (GS 22), então, de modo muito mais particular isto se aplica a Maria: só no mistério de Cristo "se esclarece" plenamente o mistério de Maria.
 Assim, o mistério da Encarnação permitiu a Igreja entender e esclarecer cada vez melhor o mistério da Mãe do Verbo Encarnado, a Theotókos.

2.3 A sua relação com o mistério da Igreja
Maria, de fato, como Mãe de Cristo, está unida de modo especial com a Igreja, que o Senhor constituiu como seu Corpo.
Ora, a realidade da Encarnação encontra como que um prolongamento no mistério da Igreja, Corpo de Cristo.
Portanto, não se pode pensar na mesma realidade da Encarnação sem fazer referência a Maria, Mãe do Verbo Encarnado.

2.4 A sua relação com a humanidade
Do vínculo de Maria com Cristo e com a Igreja, manifesta-se a evidência do seu vínculo com a humanidade. Maria é uma criatura pertencente à raça humana, uma como nós, mas que acima de todos nós foi elevada a uma dignidade inigualável; pois “por graça de Deus exaltada depois do Filho acima de todos os anjos e homens, como Mãe santíssima de Deus”. Maria é a criatura mais sublime. Não por isso ela esta distante de cada um de nós, mas, conosco, apontando-nos o caminho a seguir, que é Jesus Cristo.
A humanidade é chamada a peregrinar na fé, rumo à casa do Pai onde Maria nos precede e aguarda.
A peregrinação da fé indica a história interior, que é como quem diz a história das almas. Mas esta é também a história dos homens, sujeitos nesta terra à condição transitória e situados nas dimensões históricas.
Maria já alcançou a glória de Deus, mas como "Maris Stella" não cessa de mostrar o caminho da fé: Jesus; para se chegar à própria glória.

3. Por que Maria se tornou objeto de veneração da Igreja?

"Chamar-me-ão bem-aventurada todas as gerações, porque fez em mim grandes coisas o Poderoso." (Lc 1,48).

Não pelo que disse Maria, mas pelo que nela foi feito pelo próprio Deus. De tal modo que a Igreja manifesta a sua singular eleição, que faz de Maria objeto de veneração.
O Concílio Vaticano II, na GS n° 40, lembrou muito oportunamente que há um chamado de Deus básico, dirigido a todos os homens, que é o chamado à santidade ou à perfeição: "Todos os que crêem em Cristo, de qualquer estado ou posição são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição na caridade."

Neste sentido Maria é aquela que mais se identificou, na terra, ao seu modelo que é Cristo.
Assim o culto a Maria se presta não a ela mesma, mas é um louvor a Deus por quanto nela foi feito: "fez em mim grandes coisas o Poderoso, Santo é o seu nome."


4. Por que a Igreja fomenta nos fiéis a veneração à Mãe de Deus?

A Igreja se reconhece em Maria, visto que esta é figura do ideal cristão: "é saudada também como membro supereminente e de todo singular da Igreja, como seu tipo e modelo excelente na fé e caridade. E a Igreja Católica, instituída pelo Espírito Santo, honra-a com afeto de piedade filial como mãe amantíssima." (LG 53).
A necessidade do culto de veneração à Maria se deduz do próprio cristocentrismo da fé cristã, pois todos somos chamados a ser conformes à imagem de Cristo (Rm 8,29), de tal modo que quanto mais centrado em Cristo for o cristão, tanto mais deverá se sentir filho de Maria.
A devoção Mariana, portanto, está na lógica mesma do "ser um outro Cristo", que é o programa de vida de todo cristão: "Já não vivo eu, mas é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).
"Em sua vida terrestre, Maria realizou a figura perfeita do discípulo de Cristo... e encarnou as bem-aventuranças evangélicas proclamadas por Cristo. Por isto toda a Igreja... encontra nela a mais autêntica forma da perfeita imitação de Cristo... (Maria é) o modelo da fé e da plena resposta a cada chamado de Deus, o modelo da plena conformidade com a Doutrina de Cristo e com o seu amor, para que os fiéis, unidos no nome da Mãe de todos, se sintam mais firmes na fé e na adesão a Cristo, e, ao mesmo tempo, ferventes num grande amor para com os seus irmãos e promotores do amor aos pobres, da justiça e da defesa da paz."


5. Que tipo de veneração deve ser prestada à Maria?

No conjunto dos santos, Maria ocupa um lugar único, pois foi chamada a ser a Mãe do Redentor e Mãe dos homens. Disto se segue que a veneração pelos cristãos dedicada a Maria difere da devoção prestada aos demais santos.
A prova disto é que existem verdades de fé (dogmas) concernentes a Maria, mas não os há em relação aos outros santos.

Verdade é que os dogmas marianos não são mais do que o eco de dogmas cristológicos:
1. O Filho de Deus, por vontade do Pai, fez-se homem => donde a Maternidade Divina;
2. Para ser digno habitáculo da Divindade, Maria nunca esteve sujeita ao pecado => donde a Imaculada Conceição;
3. Também não esteve sujeita à conseqüência do pecado que é a morte => donde a Assunção Gloriosa.
A eminência do culto a Maria foi expressa pelo Concilio de Nicéia II em 787, mediante o termo de hiperdoulia ao passo que os demais santos são cultuados em doulia.
Em conseqüência desta eminência, derivada da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição, o Sagrado Magistério, em continuidade, afirma que a devoção a Maria não é facultativa como o é para os outros santos.


6. Local da veneração à Maria

A bem-aventurada Virgem Maria ocupa lugar de destaque na liturgia da Igreja: é o que confessam de modo unânime as liturgias do Oriente e do Ocidente, que dedicam amplo espaço à lembrança dela nas preces eucarísticas, na eucologia sacramental (doutrina da oração) e nas diversas expressões de oração.
A presença de Maria emerge especialmente no realce que têm, no curso do ano litúrgico, as festividades marianas, que aos pouco se foram multiplicando até abranger, em alguns ritos orientais, grandes espaços celebrativos. Por sua vez, o rito romano, ainda que com a sua tradicional sobriedade, tem reservado a Maria, desde as origens, uma lembrança específica no próprio cerne da prece eucarística (cf. o "Comunicantes" do cânon romano) e, no decorrer da sua evolução, tem recebido inúmeros elementos marianos, especialmente no âmbito do ano litúrgico.

6.1 A Memória de Maria nas celebrações da atual liturgia romana:

a. Batismo e Confirmação =>  Maria é invocada como Mãe de Deus nas ladainhas dos santos e na profissão de fé; sua presença é ativa no dia de Pentecostes.

b. Eucaristia => amplo espaço concedido à memória da Virgem Maria dentro das preces eucarísticas.

c. Nos outros sacramentos => são sóbrias as referências, mas encontramos sua presença marcante nas orações de intercessão da Igreja.

d. Nos Sacramentais => Maria nunca é esquecida (medalhinhas, terços,...).

e. Na Liturgia das Horas => hinos, orações, memórias facultativas e obrigatórias, antífonas e mais o "Magnificat” nas vésperas cotidianas.

f. No Lecionário => contribuição para, através das leituras, ampliar o conhecimento do mistério de Maria: são abundantes as leituras do Antigo Testamento e Novo Testamento referentes à bem-aventurada Virgem Maria.

6.2 Maria nos diversos ciclos do ano litúrgico:

A Igreja celebra o mistério de Maria no amplo espaço do ano litúrgico, onde é lembrada e celebrada a sua presença na economia da salvação.

a. No tempo do Advento => a testemunha silenciosa do cumprimento das promessas.

b. No tempo do Natal => celebramos a maternidade divina de Maria.

c. No tempo Quaresmal e Pascal => silêncio da sua presença litúrgica, o que deu origem a uma ampla evolução da religiosidade popular no Ocidente. Contudo, Maria não foi posta de lado, principalmente através de hinos sua presença é marcante.

d. No tempo Comum => são várias as memórias, inclusive as facultativas para os dias de sábado.

6.3 As Festas Marianas do Calendário Litúrgico são:

  • Anunciação do Senhor ® 25 de março
  • Apresentação do Senhor ® 2 de fevereiro
  • Imaculada Conceição ® 8 de dezembro
  • Maria Santíssima, Mãe de Deus ® 1 de janeiro
  • Assunção da bem-aventurada Virgem Maria ® 15 de agosto
  • Natividade da bem-aventurada Virgem Maria ® 8 de setembro
  • Visitação da bem-aventurada Virgem Maria ® 31 de maio
  • Nossa Senhora de Aparecida ® 12 de outubro
  • Nossa Senhora de Guadalupe ® 12 de dezembro

6.4 As oito memórias de Maria:

  • Bem-aventurada Maria Virgem de Lourdes ® 11 de fevereiro
  • Bem-aventurada Maria do monte Carmelo ® 16 de junho
  • Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior ® 5 de agosto
  • Bem-aventurada Maria Virgem Rainha ® 22 de agosto
  • Bem-aventurada Maria Virgem das Dores ® 15 de setembro
  • Bem-aventurada Maria Virgem do Rosário ® 7 de outubro
  • Apresentação da bem-aventurada Virgem Maria ® 21 de novembro
Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria ® sábado após o 2º domingo depois de Pentecostes.


7. Os dogmas de Maria

1º) A MATERNIDADE DIVINA – THEOTÓKOS  (Aquela que gerou Deus)

            Proclamado no Concílio de Éfeso, ano 431.
            Toda mãe é mãe de uma pessoa – Qual a pessoa que nasce de Maria?  - A 2ª Pessoa da Santíssima Trindade, que dela assumiu a carne humana.
            Maria não é só mãe da carne humana, mas de toda a realidade do seu Filho. Logo é Mãe de Deus feito homem.
            A sua maternidade não se refere a toda Trindade, mas unicamente à 2ª Pessoa da Santíssima Trindade.
            A expressão “Mãe de Deus” remete ao Verbo de Deus que, na Encarnação, assumiu a humildade da condição humana, para elevar o homem à filiação divina.
            Mas esse título, à luz da dignidade sublime conferida à Virgem de Nazaré, proclama, também, a nobreza da mulher e a sua altíssima vocação.
            Com efeito, Deus trata Maria como pessoa livre e responsável, e não realiza a Encarnação de seu Filho senão depois de ter obtido o seu consentimento.

2º) MATERNIDADE VIRGINAL

            Proclamado no Concílio Romano, ano 649.
            Em sentido próprio é a integridade física dos órgãos reprodutivos.
            Fé Católica => Maria ficou perfeitamente sempre virgem, antes do parto, no parto e depois do parto.
·        Antes do parto => Mt 1,18-25; Lc 1,34
·        Durante o parto => documentos da antiga Tradição, dentre eles o de S. Gregório Magno (ϯ 604):
"0 corpo do Senhor, após a ressurreição, entrou onde se achavam os discípulos, passando por portas fechadas, esse mesmo corpo que, ao nascer, saiu do seio fechado, manifestando-se aos olhos dos homens. Não é para admirar que o Senhor, ressuscitado para viver eternamente, tenha atravessado portas fechadas, visto que, para morrer, Ele veio a nós através do seio fechado da Virgem" (Sobre os Evangelhos, hom. 26,1).

·        Depois do parto => Os padres da Igreja se utilizavam da passagem Ez 44,2.

A razão teológica deste dogma é clara e tão simples, ela esta na divindade do Verbo e na maternidade de Maria, ao qual repugnou toda a corrupção.

3º) IMACULADA CONCEIÇÃO

            Proclamado em 08 de dezembro de 1854, pelo Papa Pio IX. Porém a devoção a Maria Imaculada é muito mais antiga.
            Foi Duns Scoto, teólogo do séc. XIII que propôs a fórmula decisiva:
            ® Maria foi preservada da pecado original em previsão dos méritos de Cristo, com antecipada aplicação da redenção universal de Jesus.
            A riqueza de graças em Maria não impediu que ela vivesse de fé e esperança, em meio a lutas e dores. A sua fé inspirou-lhe a obediência incondicional a Deus, que lhe pedia doação cada vez mais generosa, até a extrema entrega de seu Filho pregado na cruz.
            Era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois era destinada a ser a Mãe de seu Filho.

4º) ASSUNÇÃO DE MARIA

            Proclamado em 01 de novembro de 1950 (Papa Pio XII).
            Maria morreu de morte natural, contudo foi preservada da conseqüência da morte: sua total decomposição.
            Este corpo imaculado foi imediatamente, depois da morte, transportado ao céu.
® Razões do privilégio:
1)      Maria, que não esteve sujeita ao pecado para poder ser a santa Mãe de Deus, não podia ficar sob o domínio da morte (que entrou no mundo pelo pecado);

2)      A carne da mãe e a carne do filho são uma só carne. As duas devem ter a mesma sorte: serem glorificadas no fim desta caminhada terrestre.

III - GRAÇA


1. Definição:

A graça, no sentido teológico, é um dom de Deus que nos habilita a participar da vida divina para além das exigências da nossa natureza, isto é, é um dom de Deus, sobrenatural e interior, que nos é concedido pelos méritos de Jesus Cristo para a nossa salvação.

1.1 A graça, dom sobrenatural interno
Por causa do pecado original de nossos primeiros pais, todos nós nascemos privados da graça que Deus tinha concedido gratuitamente a eles e a todos os seus descendentes. A natureza humana além disso, ficou ferida, e com nossas forças não podemos cumprir por muito tempo nem sequer a lei natural. Mas, compadecido de nós e pelos méritos de Jesus Cristo, Deus concede e infunde na alma o dom maravilhoso da graça. Concede-a gratuitamente e sem que a mereçamos, para que possamos alcançar a vida eterna no céu.

1.2 Fundamentação bíblica no NT
O vocábulo cháris (graça) ocorre mais de cem vezes em São Paulo: Mt e Mc não o têm; João o emprega duas vezes; Lucas oito vezes no Evangelho e dezessete vezes nos Atos. Como se vê, Lucas está próximo a Paulo, de modo que se pode dizer que o vocábulo foi introduzido por Paulo no vocabulário cristão.
Cháris, em São Paulo, é, antes de mais, a misericórdia e o amor manifestados por Deus Pai, que por Cristo perdoa os pecados e nos comunica a sua vida. A expressão mais elevada da graça é a morte e a ressurreição de Cristo, porque da Páscoa procedem a remissão dos pecados e a vida nova. São Paulo jamais usa o plural de cháris, porque a graça é uma só, como um só é o Deus que se dá.

1.3 Maravilhas da graça na alma
A graça é participação da natureza divina. À alma que recebe a graça de Deus acontece algo semelhante ao que acontece com o ferro ou o carvão em contato com o fogo: põe-se vermelho vivo e adquire as propriedades do fogo. A alma em graça é, diante de Deus, como um rubi; o pecado foi destruído, já não existe, e a alma adquire um brilho maravilhoso como o fogo puro e limpo, assim como o carvão perde sua negritude e se converte em brasa vivíssima. A alma em graça tem uma beleza divina, com o resplendor da graça e da vida sobrenatural.
1.3.1 A graça produz:
a)      capacidade de alcançar uma íntima união e comunicação com Deus nesta vida;
b)      prepara a alma para o dom da visão beatífica, o poder de ver Deus face a face, tal como Ele é realmente.

1.4 Graça santificante, graça atual
Deus concede duas classes de graça:
a) Graça santificante é a que faz justos ou santos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do céu; então, somos templos do Espírito Santo, e Deus habita no centro da alma. Nós a recebemos no batismo, e, se a perdemos por um pecado mortal, pode-se recuperá-la no sacramento da penitência. Estando na graça de Deus, tudo o que se faz - grande ou pequeno, fácil ou custoso - tem mérito sobrenatural e ajuda a conquistar o céu, quando cumprimos as demais condições: em vida, com liberdade, com boas obras, dirigidas a Deus e aceitas por Ele; a aceitação nos consta e está implícita no estado de graça.
b) Graça atual é a graça com a qual Deus ilumina o entendimento e move a vontade, como ajuda para fazer o bem -ainda que custe -e evitar o mal. A passagem citada nos Atos dos Apóstolos é um exemplo de graça atual que Deus concedeu a Lídia para converter-se à fé em Jesus Cristo. Outras graças atuais são o arrependimento depois de pecar, o propósito de ser melhor, etc..

1.5 Deus concede a todos a graça necessária para salvar-se
Deus concede a todos a graça necessária para salvar-se, porque "quer que todos se salvem" (1Tm 2,4). Os que se condenam, condenam-se porque não corresponderam às graças que Deus lhes deu.
O fato de que Deus conceda mais graças a uns do que a outros depende do amor de Deus e também, de nossa correspondência à graça. Deus nos concede mais graças se as pedimos, se recebemos os sacramentos e se nos deixamos levar por suas graças. Acontece como em uma família, na qual os pais querem muito a seus filhos - dariam a vida por eles -, mas tratam-nos de maneira diferente, segundo seja conveniente à boa educação de cada um e segundo se portam perante os apelos e conselhos que lhes dão. Por isso é tão importante a correspondência à graça de Deus, a cada graça de Deus.
1.6 Meios para crescer na graça
O cristão não pode aspirar unicamente a conservar a graça, mas deve esforçar-se por aumentá-la. O crescimento é um sinal de vitalidade, e também a graça - que é vida sobrenatural -pede o crescimento. É preciso, pois, colocar todos os meios para desenvolve-Ia: a oração, os sacramentos e as boas obras feitas por amor. Particularmente, ao receber os sacramentos podemos crescer na graça, porque neles começa, se desenvolve ou se recupera quando foi perdida, a graça de Cristo. Em conseqüência, a vida do cristão deve ser, por seu próprio peso, a vida de confissão e de comunhão freqüente.

1.7 Um firme propósito: viver sempre na graça de Deus e aumentá-la
O mais precioso que temos na terra é a graça de Deus. O mais importante para nós será viver como filhos de Deus; e o pior e mais terrível que poderá acontecer será o pecado, ou seja, o separar-se de Deus, morrer sem a sua graça, perder-se eternamente no inferno. Como dizia um grande escritor: "Ao final da jornada, aquele que se salva sabe, e o que não se salva, não sabe nada", Por isso temos de fazer o propósito de viver sempre na graça de Deus, e aumentá-la sempre mais. Se temos a desgraça de pendê-la por um pecado mortal, é preciso confessar-se o mais rápido possível, para estar de novo em estado de graça, sem deixar de fazer, antes, um ato de contrição, com o propósito de confessar-se.

1.8 Propósitos de Vida Cristã:
§  Fazer o firme propósito de viver sempre na graça de Deus e procurar crescer sempre na correspondência à graça.
§  Confessar-se rapidamente, em caso de pecado mortal; e enquanto isso, fazer muitos atos de contrição.

2. Graça, Virtudes Infusas e os Dons do Espírito Santo

 

2.1 Graça: a Vida divina dentro de você

Com certeza você conhece a distinção entre graça habitual (o estado de graça santificante) e graça atual (auxílio divino concedido para realizar determinados atos). Estes são dois aspectos da vida que você vive, quando possui a própria graça: o Espírito de Deus que é "derramado em nossos corações". (Rm 5, 5).
A graça, em última análise, é a presença em você do Espírito vivo e dinâmico de Deus. Em razão desta presença, você vive uma nova e abundante vida interior, que o faz "participante da natureza divina" (2Pd 1,4), filho de Deus, irmão e co-herdeiro de Jesus, "o primogênito entre muitos irmãos" (ler a carta de Paulo aos Romanos, cap. 8).
Como conseqüência da presença do Espírito, você vive e dialoga com Deus dum modo totalmente novo. Você vive uma vida "abençoada" que é santa e realmente agrada a Deus. Sob o influxo do Espírito você vive uma vida de amor que edifica o Corpo de Cristo, a Igreja. Estando "no Espírito" junto com o resto da Igreja, você vive em união com os outros de tal modo que cria um Espírito de amor e de comunhão onde você estiver.
A graça - a vida divina dentro de você - transforma todo o sentido e a orientação da sua vida. Vivendo na graça, São Paulo declarou: "para mim o viver é Cristo, e morrer é lucro" (Fl1,21). Finalmente a graça - o dom espontâneo que Deus faz de si mesmo a você - é a vida eterna, vida que já começou. Já agora, enquanto você ainda é um peregrino nesta terra, a graça é "Cristo em você, a esperança da glória" (Co11,2 7).
À diferença do amor humano, o amor divino não supõe valores no ser amado, mas antecede-os e os cria. Com outras palavras: o homem não é amado por Deus porque seja bom, mas ele é bom porque é amado por Deus.


2.2 Virtudes Infusas e os Dons do Espírito Santo

O cristão renasce pela graça, isto é, recebe uma vida nova. A fim de que possa viver de acordo com a sua nova dignidade, ele recebe também faculdades ou potencialidades adequadas; tais são:

2.2.1 Virtudes:

·        TEOLOGAIS: fé, esperança e caridade (dirigem-se a Deus sob a luz de Deus)
Como ser humano, você é capaz de crer, confiar e amar os outros. A graça transforma esses modos de você se relacionar com outras pessoas nas virtudes teologais (orientadas para Deus) da fé, esperança e caridade - capacidade para se relacionar com Deus e com os outros como um de seus filhos ternamente amados.
No estado da graça, você tem : você crê em Deus, entregando todo o seu ser a Ele como a fonte pessoal de toda verdade, realidade e do seu próprio ser.
 Você tem esperança: você deposita todo o seu sentido e seu futuro em Deus, cuja promessa feita a você de vida eterna com Ele, está sendo cumprida dum modo velado já agora através da sua existência na graça.
E você tem caridade: ama a Deus como Aquele que é pessoalmente - Tudo na sua vida, e todos os homens como participantes do destino que Deus quer para todos: a eterna comunhão com Ele.
(Se alguém se afasta de Deus pelo pecado grave, perde a graça habitual e a virtude da caridade. Mas essa perda não lhe retira a fé nem a esperança, a não ser que ele peque direta e gravemente contra essas virtudes.)

·         MORAIS: prudência, justiça, temperança e fortaleza (dirigem-se às criaturas sob a luz de Deus).
Virtudes, no caso, não são hábitos ou costumes bons, mas são habilitações para que o cristão possa comportar-se como filho de Deus.
As virtudes morais nos habilitam a viver em união com Deus neste mundo, atendendo aos apelos do cotidiano e da história; para tanto, dispomos das habilitações da prudência, da justiça, da temperança e da fortaleza.
As virtudes infusas encontram em nós o obstáculo da nossa razão e do nosso natural modo de ver e agir. A visão de Deus, muitas vezes, não é a nossa visão.


2.2.2 Dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, piedade, fortaleza, temor de Deus.
Os dons do Espírito Santo são faculdades que nos põem diretamente sob a ação do Espírito, permitindo-nos agir de modo que transcende a habitual intuição humana. São como velas que captam o sopro do Espírito e fazem que o barco proceda segundo o ritmo do próprio Deus, que não é o do homem.
Além disto, mencionam-se os carismas (em grego, chárisma -dom). Carisma, no sentido técnico, é um dom outorgado para que alguém sirva à comunidade -o que não exclui o benefício ao próprio indivíduo carismático. Os carismas pertencem à riqueza espiritual da Igreja e não podem faltar a esta em tempo nenhum; cf. Jo 14,15-26; 16, 12-14. Acontece, porém, que na Igreja antiga os carismas tinham caráter vistoso para convencer o mundo pagão: curas, línguas, interpretação das línguas, profecias... Hoje o Espírito Santo suscita outras manifestações, adequadas aos tempos modernos. Há tantos, carismas quantos as circunstâncias da vida da Igreja exijam; entre outros, citemos o dom da catequese, o da assistência aos enfermos, a graça de estado, em particular a de viver santamente a vida conjugal...; tais carismas são, muitas vezes, imperceptíveis, mas de alto valor.

 
2.2.2.1 Amor a Deus, a si mesmo e aos outros

Nesta vida, seu amor a Deus está ligado a seu amor aos outros - e esses amores estão também ligados com seu amor para consigo mesmo. Você não ama a Deus, a quem você não pode ver, a não ser que ame seu irmão a quem você pode ver (1Jo 4,20). E, por preceito do próprio Deus, você deve amar ao próximo como a si mesmo (Mt 19,19,22,39). Falando em termos práticos, da vida real, o cumprimento do preceito divino de amar começa com um autêntico amor a si mesmo. A fim de amar a Deus como Ele quer, você precisa respeitar, estimar e reverenciar a si mesmo.
Você aumenta seu amor por si mesmo, fazendo com que você possa perceber, cada vez e mais profundamente à medida que os anos passam, que Deus realmente o ama com um amor que não tem fim. Você é amado e é digno de amor. Sempre que você tenta adquirir ou aprofundar esta atitude a seu respeito, você está cooperando com a graça de Deus.
Você também aumenta seu amor para consigo procurando intensificar seu conhecimento dos outros que o rodeiam: ouvindo e confiando: amando e (o que é difícil) deixando-se amar; perdoando de coração e (o que é mais difícil) buscando um verdadeiro perdão pessoal; ampliando seu círculo de bondade até abranger todas as criaturas vivas e toda a natureza na sua beleza.
No Novo Testamento, nos escritos de São João, há um princípio básico que diz: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros; pois o amor é de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conheceu a Deus; pois Deus é amor" (1Jo 4, 7-8). É amando que você aprende o que é o amor; amando você chega a conhecer a Deus.



IV - ESCATOLOGIA: ESTUDO DAS REALIDADES DO ALÉM


1. Introdução
O estudo da Escatologia individual diz respeito aos acontecimentos que afetarão cada indivíduo no fim de sua jornada terrestre. São eles: Morte, Juízo Particular, Purgatório, Inferno e Céu. E a Escatologia coletiva trata dos acontecimentos relacionados com o fim dos tempos, a saber: Parusia (segunda vinda de Cristo), Ressurreição da Carne, Juízo Final ou Universal e os "Novos Céus e Nova Terra".

2. Definição
Entende-se por ESCATOLOGIA a temática do fim dos tempos e da história, mas não se limita ela àquilo que nos dá uma noção sistemática de fim. Diz respeito também ao "agora", ao "já" da vida humana. A Escatologia, para o cristão, começa com o Batismo e se desenvolve no dinamismo da vida cristã, orientada por uma sadia vivência evangélica, à espera do dia da ressurreição.
De fato, o cristão já vive o "já" e o "ainda não" da plenitude cristã. Estas duas dimensões são, porém, vividas simultaneamente.
A Escatologia confirma o relativismo e a instabilidade do mundo (Cf. 1Cor 7,31; 1Jo 2,17), e assim somos chamados a buscar as realidades do alto, perenes, definitivas e eternas, nas palavras de São Paulo (Cf. Rm 12,2; Cl 3,1-4). Sendo peregrinos, marchando para a Terra Prometida, não temos portanto aqui uma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir (Cf. Hb 13,14; Fl 3,20). Assim, estamos no mundo, mas não somos do mundo (Cf. Jo 17,16), e aqui todo país estrangeiro é nossa pátria, ao mesmo tempo que nossa própria pátria é sempre, para nós, terra estrangeira (Cf. Carta a Diogneto - Século II).

           A MORTE é onde se dá a separação entre o corpo e a alma. Deus não é o autor da morte. Foi o homem que, usando mal a liberdade que Deus lhe deu, pecou, e ao pecar, permitiu que a morte entrasse no mundo.
A morte é um fantasma, que ronda a nossa vida. Um fantasma, portanto uma sombra. Com a morte de Cristo, no sacrifício do Calvário, a morte foi destronada e vencida, deixando de reinar, isto é, deixando de ser vitória sobre a vida. Diga-se mais: com Cristo e em Cristo, a morte transforma-se em vida. Ensina-nos a revelação bíblica que Cristo venceu a morte pela morte (Cf. Jo 18,11; Mt 16,21; 17,22; 26,42; Mc 9,31; Lc 9,44), assumindo-a e enfrentando-a, mesmo às vezes com as dificuldades de aceitação da condição humana (Cf. Mt 26,39), e assim ela se tornou para todos porta para a vida definitiva.
O mistério cristão nos dá, pois, este sentido teológico da morte, sentido que, pleno de Deus, se torna também plenamente humano. A morte, entrando no mundo, pelo pecado, do mundo é expulsa pela graça, como nos ensina São Paulo (Cf. Rm 5,12.15-17). E o mesmo São Paulo, em tom jubiloso, vai dizer, fazendo eco às palavras de Oséias: "Morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?" (Cf. 1Cor 15,55; Os 13,14). Também o Concílio Vaticano II, nos ensina: "Enquanto toda a imaginação fracassa diante da morte, a Igreja contudo, instruída pela revelação divina, afirma que o homem foi criado por Deus para um fim feliz, além dos limites da miséria terrestre" (GS 18-b). E falando do mistério que envolve a morte, o Concílio fala também de sua índole cristã (SC 81), isto é, do sentido que lhe foi dado por Cristo.
A exemplo do inferno (Cf. Mt 25,41), a morte não foi criada por Deus (Cf. Sb 1,13), e foi por inveja do diabo que ela entrou no mundo (Cf. Sb 2,24). Enquanto, porém, o amor não vencer plenamente, a morte continuará tentando destruir os valores da vida, criando culturas que com ela se identifiquem. Tais são as chamadas culturas de morte, tão presentes hoje em nossos sistemas políticos, econômicos e sociais, como verdadeiros agentes de opressão e de exclusão.

O JUÍZO PARTICULAR ocorre imediatamente após a morte, e define se a alma vai para o Céu, inferno ou purgatório. Não há uma ação violenta de Deus, mas simplesmente a alma terá nítida consciência do que foi sua vida terrestre, e assim, se sentirá irresistivelmente impelida para junto de Deus (Céu), ou para longe da presença de Deus (Inferno) ou ainda para um estágio de purificação (Purgatório).
           No Novo Testamento a parábola de Lázaro e do rico supõe uma separação entre justos e pecadores a partir da morte e antes do fim do mundo (visto os irmãos do rico ainda estarem vivos). Também é certa que o ladrão arrependido estará no Paraíso, com Cristo, no mesmo dia de sua morte na cruz. Todos crêem, por conseguinte, desde os primeiros tempos da Igreja, ao menos em um começo de retribuição antes do Juízo final.
O Encontro com Deus nada terá a ver com um processo humano de acusação, defesa e veredicto. Nem com o minucioso balanço, ativo e passivo, daquele que presta contas ou preencher sua declaração de renda. Menos ainda com o face a face de um Deus irritado que não teria remoído nossas maldades em silêncio durante a nossa vida senão para no-las jogar finalmente com mais severidade em rosto.
Tudo o que não é amor nada tem em comum com Deus. Falar indistintamente em "juízo" a propósito desse primeiro encontro entre dois amigos que há muito tempo se esperavam tem algo de atroz. A esperança cristã é ferida com isso, por vezes de morte. O rosto de Deus desfigura-se, seu encontro é "terrível". Em tais obstáculos é que o Evangelho naufraga naqueles que não se acostumam à incoerência...
Somos bem impotentes para imaginar esse encontro de amor.
O Encontro, enfim, com o Amor em pessoa, a Ternura absoluta! O mergulho na "largura, no comprimento, na altura e na profundidade do amor de Cristo que excede a todo conhecimento" (Ef 3,18s).

O PURGATÓRIO é o estado em que as almas dos fiéis que morrem no amor a Deus, mas ainda com tendências pecaminosas, se libertam delas através de uma purificação do seu amor. Ou seja, são almas justificadas, mas que ainda precisam ser santificadas. O Purgatório fortalecerá o amor de Deus no íntimo da pessoa, a fim de expurgar as más tendências. Todas as almas do Purgatório, posteriormente, irão para o Céu.
Como a palavra indica, Purgatório é um estado de purificação, antes de os eleitos entrarem na posse definitiva de Deus, ou seja, da visão beatífica, na eternidade (LG 49). É uma purificação, não em um lugar, mas em Deus. Um sofrimento, é verdade, mas no amor. No purgatório, se assim podemos dizer, existe não só esperança, mas a firme certeza do amor de Deus. É, assim, um estado intermediário entre a vida terrena e a vida da glória, após a morte. Quem está no Purgatório é eleito de Deus, e, mesmo sem contemplá-lo ainda face a face, já sente a grandeza do amor divino.
O estado de purgação para as pessoas não ainda em estado de graça plena ajusta-se à natureza de Deus, o qual habita numa luz inacessível (Cf. 1Tm 6,16), sendo luz em plenitude e todo santidade. Assim, o pecado venial, mesmo leve e perdoável, exclui a pessoa do convívio divino. Isto, é claro, provisoriamente. A existência, pois, do Purgatório é mais uma iniciativa do favor divino, que não quer excluir ninguém da felicidade eterna.
Diante do já aqui exposto, o Purgatório não é, pois, como muitos erroneamente entendem, um estado de condenação, mas de purificação, e quem nele se encontra é um eleito de Deus e participa da plena comunhão dos santos. Daí o valor da oração pelos mortos, como a Igreja coloca em suas orações e em sua liturgia.
Na Bíblia não há uma revelação plena e explícita do Purgatório, mas sua existência é evidenciada por alguns textos (Cf. 2Mc 12,43-45; 1Cor 3,15, p. ex.). Aliás, sem a plena realidade do Purgatório, não teríamos como entender a perícope de 2Mc, aqui citada, como não seria explicável, teologicamente, o sacrifício expiatório de que fala.
Se, na hora da nossa Passagem para o além, a penitência em todas as suas formas - tal como uma cura de desintoxicação - não eliminou totalmente a resistência a essa vida do Cristo em mim, se ainda subsistem egoísmos, que o Cristo não pode fazer seus, é necessário que a purificação se conclua. E que se conclua, não por um golpe de varinha mágica, mas do interior, pois tratar-se-á, para mim, de amadurecer um amor, portanto uma liberdade.
A palavra "amor", mais uma vez, diz tudo. "Amadurecer no amor" é coisa que demanda tempo. Ora, o amor é impaciente, sofre por esperar. "O meu desejo é partir e ir estar com Cristo", dizia São Paulo (Fl 1,23).
O INFERNO é um estado de total infelicidade. É viver eternamente sem Deus, sem amar, sem ser amado. A alma percebe que Deus é o Bem Maior, mas sua livre vontade o rejeita e sabe que estará para sempre incompatibilizada com Deus. Isso gera um imenso vazio na alma que passa a odiar a Deus e às suas criaturas. Só vai para o inferno quem faz uma recusa a Deus consciente, livre e voluntária.
Devemos lembrar que Deus não predestina ninguém ao inferno nem deseja que alguém seja condenado. Deus nos confere a graça atual que ilumina o intelecto e fortalece a vontade de modo que podemos fazer o bem e desviar do mal. Entretanto, uma pessoa, com o consentimento do seu intelecto, pode escolher praticar o mal e com essa escolha cometer pecado mortal e assim rejeitar Deus. Se uma pessoa não se arrepende do pecado mortal, não tem qualquer remorso e persiste neste estado, então esta rejeição de Deus continuará para a eternidade. Em resumo: as pessoas se condenam ao inferno.
Lá se sofre o sentido de perda - a perda do amor de Deus, a perda da vida com Deus, e a perda da felicidade. Amor verdadeiro, vida, e felicidade são relacionadas a Deus, e cada pessoa as deseja. Entretanto, só Nele o homem achará sua realização.
Inferno é, portanto, rejeição de Deus, abismo sem retorno, caracterizando-se pela ausência total do amor, a maior desgraça a que pode chegar um ser criado. O Concílio Vaticano II refere-se a ele, em linguagem simples, como "condenação eterna" e "trevas exteriores" (LG 16; 48c), lembrando o próprio Evangelho (Cf. Mt 22,13; 25,30).

O CÉU não é um lugar acima das nuvens, mas sim, um estado de total Felicidade capaz de realizar todas as aspirações do ser humano. No Céu participamos da Vida de Deus. E quanto maior for o amor que a pessoa desenvolveu neste mundo, mais penetrante será a participação na Vida de Deus. Assim, no Céu todos são felizes, mas em graus variados, pois cada um é correspondido na medida exata do seu amor. Deus é Amor, amor que se dá a conhecer a quem ama. Não há monotonia no Céu, mas sim, uma intensa atividade de Conhecer e Amar.
"Morada eterna dos justos", "paraíso", "seio de Abraão", "Jerusalém celeste", "pátria que brilha com a glória do Senhor", "comunhão perpétua da vida incorruptível", e mil outros nomes, jamais conseguirão dar-nos uma idéia exata do Céu. É surpresa que Deus reserva àqueles que aqui o amam. Os olhos jamais viram, os ouvidos jamais ouviram e a mente humana não será jamais capaz de perceber, em dimensões humanas, aquilo que Deus reserva para os seus eleitos (Cf. 1Cor 2,9; Rm 8,18; 2Cor 4,17-18).
Teologicamente, o Céu não é um lugar, em sentido geográfico, pois não pode caracterizar-se pelo espaço físico. Este, por si mesmo, poria limite àquilo que é sem limites. Não é também o Céu a realização de um sonho maravilhoso, pois, humanamente, ninguém seria capaz de sonhar tal sonho, e o Céu transcende a mais pura elevação humana. Nem pode ser a desejada concretização de um ideal, dado que o ideal humano, mesmo o mais nobre, espiritual e sublime, é sempre relativo e imperfeito.
Finalizando, podemos dizer que o Céu é, em última palavra, o próprio Deus, vivendo em suas criaturas, no admirável mistério da Trindade, e as criaturas vivendo em Deus, na sublime participação da vida divina. Viver no Céu não significa simplesmente viver perto de Deus, mas viver em Deus, mergulhado no mistério divino e por Deus totalmente assumido.

Vale aqui o registro de que o Limbo seria o "local" eterno onde ficariam as crianças que morrem sem o Batismo. Não teriam a visão sobrenatural de Deus, mas uma visão natural mais perfeita do que temos. No entanto, o Limbo sempre foi uma suposição e jamais foi um artigo de fé. Ao invés disso, tais crianças são confiadas pela Igreja à misericórdia de Deus, que acreditamos ter um caminho de salvação própria a elas.

A PARUSIA é a volta gloriosa de Jesus no fim do mundo. Neste dia, Deus reunirá todos os povos de todos os tempos para o Juízo Final. Deus não revelou o dia e a hora de quando Ele voltará, mas deixou alguns sinais: O Evangelho será conhecido no mundo inteiro, os judeus se converterão, haverá apostasia, manifestação do Anti-Cristo e o caos do mundo.
A Parusia deve ser vista como a volta de um rei triunfante, que visita o seu povo, para partilhar com ele os frutos de sua vitória. Este é o sentido grego também de parusia. Um rei, porém, misericordioso, no sentido cristão, e não simplesmente um juiz implacável, como às vezes acontece em muitas interpretações. Aliás, o Apocalipse, já no início, diz: "Ei-lo que vem com as nuvens" (Cf. Ap 1,7a), e os cristãos, no fim do livro, respondem: "Amém. Vem, Senhor Jesus"! (Cf. Ap 22,20).

A RESSURREIÇÃO DA CARNE se dará no dia da Parusia. As almas que aguardavam esse dia no Céu, no Inferno ou no Purgatório, ressuscitarão e comparecerão, juntamente com os que estiverem no mundo, diante de Jesus para o Juízo Final. Então uns irão com corpo e alma para o inferno, e outros irão com corpo e alma para Novos Céus e Nova Terra (Paraíso). Portanto, justos e ímpios ressuscitarão e terão um corpo imortal e íntegro, mas somente os dos justos estarão isentos dos sofrimentos e irão refletir a glória da alma: “Vem a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação” (Jo 5,25-29).
A Ressurreição da Carne é portanto, depois da morte, o surgimento numa outra vida, do ser humano integral, nem exclusivamente matéria sem espírito, é evidente; nem exclusivamente espírito sem matéria, é evidente também: se o Verbo de Deus “encarnou”, não foi para renegar a carne, menos ainda para destruí-la, mas para salvá-la e glorificá-la.

           O JUÍZO FINAL ou UNIVERSAL é a tomada de consciência, do indivíduo e de todos os homens, das obras boas e más que cada um realizou. Note que é diferente do Juízo Particular. Neste, Deus revela a cada um, em foro privado, a pureza de intenção que definiu sua sorte no além. Já o Juízo Universal não se trata de uma segunda instância, pois o julgamento individual já ocorreu no Juízo Particular, mas simplesmente revelará a todos os homens os mistérios da história da humanidade e todos os efeitos positivos ou negativos das atitudes de cada um. Tudo será manifesto a todos. Dia de triunfo da Verdade e da Justiça. Após o Juízo Final segue-se o Inferno para os ímpios e o Paraíso para os justos.
Há um juízo final, segundo a revelação bíblica (Cf. Ez 34,17; Rm 2,5-10; 2Tm 4,1-8; Mt 24,36-44), isto é, um julgamento universal de todas as coisas criadas, aqui presente sobretudo a vida de cada ser humano, a história de seu "sim", ou de seu "não", ao projeto do Pai. Isto se dará no fim dos tempos (Escatologia), na vinda gloriosa de Cristo (Parusia), hora só conhecida pelo Pai. "O juízo final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que o seu amor é mais forte do que a morte" (CIC 1040).
No juízo final, segundo a fé cristã, todos os corpos ressuscitarão, uns para a alegria eterna de bem-aventurados, outros para a condenação eterna. É a ressurreição da carne, como professamos no Credo. Não é, porém, a retomada do corpo para a mesma realidade da vida, pois o corpo ressuscitado, embora seja o mesmo corpo humano, é, porém, um corpo glorioso, como nos ensina São Paulo, com suas quatro características: incorruptibilidade, claridade, agilidade e espiritualidade (Cf. 1Cor 15,42-44).
Podemos dizer, clareando um pouco ainda mais, que o juízo final já começa também aqui e agora. Se nós nos colocamos ao lado dos pobres, infelizes e injustiçados, se clamamos na vida por justiça e vivemos o amor na dimensão evangélica, então, sim, segundo o Evangelho, seremos aqueles que estarão à direita de Cristo, no reino eterno. Se, porém, fizermos o contrário, numa vida de insensibilidade fraterna, estaremos então nos colocando à sua esquerda. Na verdade, como se vê, nós é que nos colocamos à direita ou à esquerda de Cristo, por uma opção livre e consciente, e, no juízo final, Cristo apenas confirmará aquilo que na vida escolhemos, e o fará com plena soberania.

Os NOVOS CÉUS E NOVA TERRA ou PARAÍSO é a renovação do mundo inteiro no fim dos tempos, após o Juízo Final. O mundo atual não será aniquilado, mas sim, restaurado e consumado. O homem ressuscitado habitará num mundo de Paz e Amor.
Pela revelação bíblica (Cf. Rm 8,18-25; 2Pd 3,13; Is 65,17; 66,22; Ap 21,1-4), sabemos então que Deus vai criar novos céus e nova terra, não no sentido plural daquilo que já se vê aqui. Novos céus e nova terra são, em última palavra, o Reino de Deus implantado definitivamente por Cristo, onde Deus será tudo em todos (Cf. 1Cor 15,28).

 

V – VIRTUDES E DONS DO ESPÍRITO SANTO

1. Virtudes
Virtude é o hábito do bem, isto é, disposição estável para agir bem.
Opõe-se ao vício - que é o hábito do mal.
§  Virtudes naturais são adquiridas pelo exercício e aperfeiçoamento de dons naturais. Desenvolvem-se pelo esforço da vontade, agindo sobre a aptidão específica. Por exemplo, a virtude de um bom pintor.
§  Virtudes sobrenaturais são as que, pela graça santificante, recebemos de Deus, tendo por fim nossa eterna salvação. Não dependem de nosso esforço - ao nos dar a graça, Deus às infunde em nossa alma. Devemos, porém, desenvolvê-las.
§  Virtudes teologais são infusas (ou sobrenaturais). Vêm de Deus e nele têm seu objeto imediato. São a Fé, a Esperança e a Caridade. Recebemo-las com a graça do Batismo, e, em maior abundância, com a da Confirmação.
§  Virtudes morais são diretamente ligadas aos costumes - ligam-se a Deus, de modo indireto. Podem ser naturais, isto é, que se alcançam por meios naturais, ou sobrenaturais, pelo efeito da graça. Dentre essas virtudes, destacam-se a Prudência, Justiça, Força e Temperança. Todas as outras virtudes morais derivam-se dessas quatro. Sem a prática dessas virtudes ninguém pode entrar na vida de perfeição. Recebidas no Batismo, são infusas (ou sobrenaturais) - recebemo-las com a graça santificante.

1.1 Fé
“Ter fé numa coisa, é aderir a ela, por causa da afirmação de outrem, sem podermos conferir pessoalmente. Se a afirmação é de nossos semelhantes, nossa fé é humana. Se a afirmação é de Deus, trata-se de fé divina.”
É praticamente impossível viver sem fé. Não existe quem só creia no que pode conferir. Acreditamos em bulas de remédios e em tabuletas de ônibus. Esta fé é humana - e dela precisamos para viver como homens.
Para vivermos como filhos de Deus, precisamos da fé divina, da Fé, virtude teologal que nos leva a crer na palavra de Deus, no que o Verbo revelou e a Igreja ensina. Como virtude teologal, seu objetivo imediato é Deus.
A Fé - Virtude teologal é infusa (é recebida no Batismo), sobrenatural em seu princípio e seu fim (Deus). "Não é uma busca, mas uma posse". "É um encontro da alma com a Verdade de Deus". "Deus nos capacita a crer em Deus - não círculo vicioso: é circulação de amor".

1.2 Esperança
No sentido amplo, é a expectativa de um bem que se deseja. Em sentido restrito, aqui empregado, é virtude sobrenatural que nos dá firme confiança para alcançarmos a felicidade eterna e obtermos os meios de consegui-la. Seu princípio é a graça e Deus é o seu fim. Faz-nos passar pelo mundo "como se não fôssemos do mundo" - sem nos prender a ele.
O demasiado apego a coisas mundanas, a sofreguidão na busca de prazeres, a busca de soluções unicamente materiais para todos os problemas - tudo isso são sinais de desespero. A Esperança - virtude cristã - leva-nos a “passar no mundo, sem nos prender a ele; a pisar de leve, para não se prender no lodo; a possuir como se não possuísse. Não se trata pois, de esperar nos homens, mas de esperar em Deus e com Deus.”

1.3 Caridade
É a maior das virtudes. (Leia-se a 1º. Epístola de S. Paulo aos Coríntios, cap. 13). Romperá as portas da eternidade e para sempre viverá. No Céu, a Fé será substituída pela visão de Deus; a Esperança, pela sua posse - mas o Amor viverá eternamente.
É a virtude sobrenatural que nos faz amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, pelo amor de Deus. Tem em Deus seu objetivo e seu fim principal. Por causa desse amor a Deus, leva-nos a amar o próximo como a nós mesmos. Assim, aí, encontra-se uma ordem no amor: Deus, acima de tudo, em primeiro lugar; depois, nós mesmos e, em seguida, o próximo. Sim, antes de nos perguntar pelo que fizemos dos outros ou com os outros, Deus nos perguntará pelo que fizemos dos dons que Ele nos deu, o que fizemos de nós mesmos.
Antes de sermos responsáveis pelos outros, cada um é responsável pela própria alma - e é nesse sentido que o amor a si mesmo vem antes do amor do próximo. Trata-se do bom amor de si mesmo, relacionado com nossa alma imortal e seu destino; amor de si mesmo, pelo que nós somos principalmente: filhos de Deus, ao Céu destinados.
Não se trata, pois, de egoísmo ou amor-próprio, que, no sentido mais empregado, é o mau amor de si mesmo, por motivos secundários, desprovidos de real importância (por causa de beleza, inteligência, cultura, etc.)
Em terceiro lugar, vem o amor ao próximo. Este deve ser amado por amor a Deus e em Deus - e, também, pelo que possui de mais importante: sua alma imortal, com imagem e semelhança divina. Este é o verdadeiro amor ao próximo que, acima de nacionalidade, posição social, cor da pele, etc, abrange todos os homens. É o amor verdadeiro, centelha do amor de Deus. É a verdadeira Caridade, a que levou S. João Gualberto a amar seu inimigo e S. Francisco de Assis a beijar um leproso. Leva-nos a imitar o Mestre que nos disse e nos mostrou que Deus é Amor.

1.4 Prudência
É a virtude que nos faz conhecer e praticar, oportunamente, o que é bem. A Prudência sabe escolher meios, ajeitá-los ao fim que pretende. Aproveita a hora propícia, o lugar acertado. Não dá passos errados. Nisso tudo, é virtude moral natural.
Tornar-se-á sobrenatural quando, ainda fazendo isso mesmo, estiver iluminada pelo brilho da fé, auxiliada pelo concurso da graça, e referir tudo à meta suprema da eterna salvação. No Batismo a recebemos como virtude infusa - é fruto da graça recebida. Prudência não tem, pois, o sentido vulgar e mesquinho que, às vezes, lhe emprestam. É a virtude do reto agir. É racional e honesta. Justamente, é considerada como a "rainha das virtudes morais".

Encontram-se, na Prudência, três elementos:
  • Reflexão - O homem prudente pensa antes de agir - e o cristão, além disso, reza. Calcula os prós e contras, considera ensinamentos da experiência (própria e alheia).
  • Determinação - O homem prudente, depois de pensar, toma uma decisão. (As virtudes são correlatas. Aqui, a força ajuda).
  • Realização - O homem ao examinar bem um assunto e decidir-se sobre ele. Só se torna um ato de Prudência quando realizado. (Também, aqui, entra o auxílio da força.)

Contra a Prudência, pode-se pecar por insuficiência ou por excesso. No primeiro caso, há irreflexão (quando não se pensa bem) ou descuido (quando não são empregados meios devidos para a realização - tornando-a imprudente).
No segundo caso, encontra-se a astúcia - "máscara da prudência", usada para fins repreensíveis e a prudência do século que, absorvida por interesses materiais, esquece os objetivos espirituais. Liga-se a um demasiado zelo pelo futuro (temporal) e conseqüente descuido pela vida eterna.
Em nossos dias, sob diversos aspectos, é a deturpação da Prudência que mais encontramos - apesar do aviso de Cristo: "Procurai, primeiro, o reino de Deus e sua justiça, que tudo o mais vos será dado de acréscimo" (Mt 6, 25-33).

1.5 Justiça
É a virtude que nos leva a dar, a cada um, o que lhe é devido. Abrange todas as nossas obrigações para com Deus e para com o próximo, isto é, a religião inteira. Por isso é que, no Antigo Testamento, os homens virtuosos são chamados de homens "justos". Não ignoravam os judeus que a justiça importa em fidelidade a todos os preceitos da Lei.
Também Nosso Senhor tinha em mira este mesmo sentido, quando proclamou "bem –aventurados os que têm fome e sede de justiça, e por causa dela sofrem perseguições" (Mt 5, 6-10), e quando insiste, junto dos discípulos, para que se preocupem, antes de tudo, com o "reino de Deus e sua justiça" (Mt 6, 33).

1.6 Força
É a virtude que nos dá energia diante dos obstáculos da vida e dos que se encontram dentro de nós mesmos. Aliás, para enfrentar bem aqueles é preciso, primeiro, dominar estes. O orgulho, a cobiça, a sensualidade e outras inclinações congêneres devem ser enfrentadas com fortaleza – isso nos tornará mais aptos, mais fortes diante das dificuldades externas da vida.

1.7 Temperança
É a virtude que refreia o desejo dos gozos sensíveis, especialmente do gosto e tato. Leva-nos a usar os bens temporais na medida em que servem de meio para atingir os bens eternos. O prazer sensível não é mal, em si – o mal está na sua procura desordenada e desvinculada do nosso verdadeiro fim.
Opõem-se à Temperança a gula e a impureza – que embrutecem, degradam, atingido o homem na alma e no corpo. A virtude da Temperança nos faz sóbrios e castos. Pelo exercício do autocontrole, leva-nos à contenção do orgulho – princípio de todo pecado – e, portanto, à prática da humildade – virtude fundamental, que a ele se opõe.



2. Dons do Espírito Santo

As virtudes teologais nos levam diretamente a Deus, as morais, indiretamente, também nos levam a Ele. Por Seus Dons, o Espírito Santo nos ajuda neste caminho – caminho que conduz ao Céu.
Estes 7 dons são mencionados por Isaías (Is 11, 3), referindo-se a Cristo – que os tem em plenitude. É pelos méritos de Cristo que os recebemos do Espírito Santo.

Conheça o sentido de cada Dom:



2.1 Sabedoria
É o que nos dá o gosto das coisas divinas. Sábio é o que bem hierarquiza valores. O que coloca em primeiro lugar o que realmente está em primeiro lugar. Liga-se à maior de todas as virtudes – a Caridade – pois que a grande Sabedoria está no Amor.

2.2 Conselho
É o Dom do discernimento. Em situações difíceis. Faz-nos reconhecer e encontrar a vontade de Deus. Lembra juízo e bom senso. Liga-se à Prudência.

2.3 Inteligência
É o que nos leva a perceber a Verdade onde ela se encarta. Embora sem desvendá-los, ajuda-nos a aceitar os mistérios da Religião. É como que o instinto da Verdade. É o Dom que nos faz convictos. Liga-se à Fé.

2.4 Força
Dá-nos energia para superar obstáculos a fim de cumprir a vontade de Deus. É o Dom que Maria teve no mais alto grau quando, de pé, no Calvário, assistiu à morte de seu Filho. Foi o Dom de S. João Nepomuceno, preso e torturado com ferro em brasa, por não revelar um segredo de confissão. É ligado à virtude do mesmo nome.

2.5 Ciência
Leva-nos a compreender a Religião, sem estudos especiais. O santo Cura D’ars a possuiu em alto grau. S. Tomás de Aquino afirmava Ter aprendido mais aos pés do altar, que nos livros. Não se trata de ciência humana. Trata-se, ao contrário, da noção da indigência do ser criado. Liga-se ao dom das Lágrimas (porque nos vemos como somos) e a virtude da Esperança (porque conhecemos os efeitos da graça de Deus em nós, capaz de nos aperfeiçoar e nos fazer conquistar o Céu).

2.6 Piedade
Dá-nos uma atitude filial diante de Deus. Leva-nos a desejar sempre o que for mais perfeito, como o mais justo diante do Pai. Liga-se à Justiça.

2.7 Temor de Deus
É o temor de desagradar ao Bem Supremo. Teme-se por amor, e este amor nos faz cautelosos, e nos dá equilíbrio. Liga-se a Temperança e, portanto, à Humildade – virtude básica para a Vida cristã, justificando, assim, a sua definição na Sagrada Escritura: "O temor de Deus é o princípio da Sabedoria".

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